quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Alívio passageiro

Abriu os olhos calmamente... e os fechou rápido devido a decepção imediata. O mesmo quarto, os mesmos móveis, a mesma situação. Mais um dia se inicia.

Pensar no sol lá fora já é doloroso demais. Ficou imaginando os homens, em ternos e gravatas, as mulheres, em vestidos e sapatos plastificados. Mais um dia começa.

Levanta da cama lerdamente, os pé demoram a tocar o chão do quarto. Na luz colorida da persiana percebe que o dia será quente. Mais um dia.

Vai até o banheiro e encara o espelho. “Sou eu mesmo ainda, apenas eu”. Na cozinha faz um café, porcamente, com o resto do pó do dia anterior, para tentar acordar.

Mas a vontade não é acordar. O desejo único é retroceder a uma época feliz de poucos meses atrás, que se tornou apenas uma fotografia antiga de um álbum perdido no tempo.

Aquela felicidade acabou. Há apenas o reflexo dela no presente - mais uma tormenta do que um alívio de certeza. Pensa em trabalhar, mas não consegue se mexer. Pensa em escrever isso, mas não consegue levantar a caneta.

Toma três comprimidos, volta para cama, e retorna ao sonhar.
Fim do dia. Ahhh