Lobotomia na Oscar Freire
(Um bêbado caminhando com sua loucura)
AH, ah ah....
Que NOJO, nojo, cabeça virando em círculos da existência sem sentido, me tire desse nada!
Ah....
Ok... respire fundo, 1, 2, 3, seção de yoga, o médico recomenda repouso e menos stress para as mulheres translúcidas da Oscar Freire em seus vestidos de 1 milhão de dólares e eu aqui, só me resta a roupa do corpo, que sem dúvida vale mais do que a alma de cada uma delas...
E suas viagens à Europa, a Europa dos turistas endinheirados sem ter onde gastar que cobiçam a Monalisa, fazem fila pra olhar nos olhos dela com seus olhos ignorantes e apáticos... quem é a Monalisa, que é ela??
Do livro, ah sei, deve ser a capa daquele best seller...
O que? Não. Por favor não.
Qual o incômodo? O que lhe incomoda? A minha cara? A minha cara suja e sem brilho, sem lantejoula, sem jantares de sexta a noite, sem faculdade de inteligentes meninos e meninas cretinos?
Acho que vou surtar... vou beber para não derrubar o muro a minha volta, eu preciso me escondre atrás dele senão vão me descobrir.
Todos os homens polidos me olham de esguio, me fitam com ar superior, me desprezam na sua pretensão imortal, me julgam da sua elevada e crente temência ao senhor dinheiro por quem compram e vendem a alma...
E como entrar nessa roda da fortuna? Como não ficar enjoado mesmo sendo um zé-ninguém-de-merda como eu?
Até mesmo aquilo que eles consideram merda acabam comprando e vendendo por status, hahaha, New York, lugar de loucos excêntricos, vocês são tão diferentes, olha como isso é engraçado!!
Ah Deus!!
Dê-me a sua mão branca! Olhe-me com seus olhos de cristal azul!
Eu que sou apenas um preto sem nada, um miserável castigado por meu pai Noé!
Oh Deus, me envie raios de lobotomia, lobotomia, lobotomia!
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