segunda-feira, 30 de novembro de 2009

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Uma dose com a minha obsessão

De um lado da mesa eu, do outro ela
Aprecio seus movimentos flutuantes, leves como plumas de liberdade
Tão doce, tão viva, tão enlouquecidamente sem rumo
Como eu vou esquecer essa risada?
Como eu vou esquecer o tom da sua voz?
Como eu vou ignorar a amada sutileza?
Vive esquecendo tudo à sua volta, numa intensidade sem padrão.

Outra dose, outra cor dentro do copo, isso nem me importa mais
Você vaga sem o menor pudor na minha mente
Forma intensa e delicada, sangue e sabor
Não consigo olhar mais adiante
Não consigo mais olhar para lado algum
Não consigo respirar, pensar, fingir
Enjôo, desespero insensato.

Você pousa o copo levemente sobre o mármore
Sinto o ardor do sol que bate na sua pele
Na sua boca, vermelha labareda
Como eu vou apagar esse jeito de olhar da minha memória?
Como eu vou abandonar os dias que criei para passar com você?
Que lobotomia vai me curar dessa loucura?
Tire uma arma do seu coração, meu bem, e estoure o meu.

Agora tenho juízo, no momento seguinte me pego a flutuar
Tal qual um navegante oscilando em marés incertas
Sugado para dentro de um rodamoinho verde e cheio de dor
De que maneira eu posso desistir depois te tanto tentar?
Como posso não querer, se a lembrança invade meus sentidos?
Como posso alimentar meu corpo, se a minha alma agoniza?
Responda-me, obsessão.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Do doce ao amargo fim

No início era a escuridão, o desespero, o agridoce condicionado a dois corpos que mal se conheciam, mas precisavam possuir um ao outro de qualquer forma.

Desde aquele primeiro olhar no corte da viela, numa meia luz de um dia qualquer, o objeto amado tomou forma e foi deformado pela mente ansiosa impregnada de carência e desejo.

Dias e noites sonhados, beijos a serem dados, mãos entrelaçadas num final de tarde, sua voz, sua conversa, seu sorriso. Tudo parecia se encaixar de forma perfeita na imagem de uma vida em comum.

***

No segundo momento, o doce vigora acima do desespero. A brisa é calma e majestosa, a certeza impera com toda sua arrogância juvenil. A certeza absurda do para sempre.

Rotinas se entrelaçam, duas pessoas viram uma só. O seu sorriso é o meu sorriso, os seus sonhos são os mesmos que habitam a minha imaginação, o amor já aqueceu nossos corações frios e despedaçados por um mundo no qual não confiamos mais.

A compreensão é mútua. Os pequenos defeitos, detalhes patéticos, deixamos passar, buscando não romper o laço estreito que se formou entre nós.

***

Ao amanhecer, tudo parece diferente. Já não há mais calor, apenas uma certa calma que perdura na tristeza que se aproxima com o fim. “Tinha que ser assim”.

O caminho tem uma bifurcação logo à frente e cada um de nós segue aquele que acredita suportar melhor. Músicas antigas agora soam como presságios do momento fatal: a corda se rompe, quando forçada demais.

Agora vejo você sonhando apenas de longe, como um espectador, porém, sem saber o que desejar para ti – companhia ou solidão nesse novo rumo que te espera, nesse “novo” destino ao qual você pretende chegar.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Life is a Joke

Enterre os seus sonhos no chão mais frio que encontrar
Se afogue na ânsia por lágrimas que não caem mais
Se entregue às canções tristes e suicídas sem pensar duas vezes
Lembre-se do que nunca fez
E nunca vai fazer

Lembre-se das pessoas que gostaria de encontrar
E nunca mais vai ver
Esqueça os dias ensolarados, eles se foram
Você não foi bom o suficiente para fazê-los durar
Liberte-se da sua prisão.

Livre-se das suas próprias críticas insolentes
Do seu próprio desrespeito
Da dor que sentiu em todos que encontrou
E guardou em uma caixa junto com seus arrependimentos
Da dor de toda uma vida.

Que vida? Isso é vida? Algum dia foi?
Isso que você chama de vida é uma perda de tempo
E o que você chama de amor é um consolo para a solidão
E o que você chama de família nem lembra o seu nome
Parabéns por sobreviver a essa piada sem graça.