quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A cidade nunca lhe perdoará

 Kalte Stadt (Cold City), Paul Klee

- Tríade city 1 - 

Vou imergir no vazio da multidão que me carrega
E talvez lá encontre a oportunidade desejada
De desaparecer por completo da eternidade
E volte ao princípio, quando nunca existi de fato

Que diferença faz você no meio da multidão, pergunto-me
Um ser inanimado, rastejante lagarto, largado
Mudando de cor para se esconder no cinza dos muros
Fingindo esconder a vergonha de ser si mesmo

A fumaça dos carros corrói faces e traços dos transeuntes
A falta de sentido é tão deplorável quanto minha identidade 
Um inseto voando baixo prestes a ser pisoteado
Desiludido e ansioso pela próxima possibilidade de nada

As torres de prédios me fecham dentro de uma prisão
Não mais cruel do que a que construí com meu próprio desprezo
Uma cela suja e escura é a morada do meu ego
Que se alimenta do meu vazio e consome-nos com desgosto

Eu só estou esperando
Por nada mais que me espera
Porque ainda é hoje
E amanhã nada será

Que diferença me faz ser eu?
Que diferença eu faço?

2 comentários:

Drunken Clown disse...

lendo isso e ouvindo "NYC" do "Interpol"
estranha combinação...

Drunken Clown disse...

ps: usei um trecho na porra do meu face book ok?
com os devidos créditos!