Certas tardes, combinadas com antecedência na empolgação das possibilidades, nunca vão anoitecer. Permanecerão intactas dentro do limiar do sonho, eternizadas pela memória de quem um dia as sonhou.
Certos planos nunca vão sair do papel e a vontade de torná-los reais esmorecerá, queimando junto com as folhas acobreadas das árvores após a geada.
Algumas palavras nunca serão ditas, logo as mais necessárias; vão parar no campo do pensamento e jamais fluir pelo ar em notas afinadas ou não, na melodia abrupta do coexistir.
Alguns detalhes nunca serão notados; se perderão no decorrer dos anos com a sua sutileza sendo tragada pela voracidade do tempo. A flor do vestido; o botão solto da camisa; a doçura daquele bolo de tangerina perdido em alguma manhã luminosa.
Algumas músicas nunca serão transcritas em partituras, gravadas em velhas fitas ou transpostas da mente para um instrumento. E alguns poemas só vão existir no campo das ideias, não haverá a coragem necessária para torná-los reais.
Algumas pessoas nunca vão se conhecer, enquanto outras jamais se encontrarão novamente, mesmo na busca desesperada pelo semblante familiar.
O trem errado, a esquina certa, os passos perdidos na estranha dança do desencontro.
Imagem: Árvores de Outono (1911), Egon Schiele.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Ah-deus
Às pequenas coisas
Às grandes ilusões
Às imensas tragédias de vida
À sutil doçura da morte
À esperança fugaz da mudança
À desilusão eterna da inércia
Ao ruído que pode transformar
Ao silêncio que permanece intacto
Às sementes da discórdia
Ao esmorecer do consenso
Às palavras que não foram atos
Às ações não ditas
Ao desespero inerente à tentativa
À calma do escape ao movimento
À frustração de todas as horas
À satisfação do tempo que se esvai
Ao todo, a tudo, a nada
Agora o que importa é a luz
E a eternidade
Bem-vinda
("God is a concept by which we measure our pain" God, Lennon)
Imagem: Starry night over the Rhone, Van Gogh
Às grandes ilusões
Às imensas tragédias de vida
À sutil doçura da morte
À esperança fugaz da mudança
À desilusão eterna da inércia
Ao ruído que pode transformar
Ao silêncio que permanece intacto
Às sementes da discórdia
Ao esmorecer do consenso
Às palavras que não foram atos
Às ações não ditas
Ao desespero inerente à tentativa
À calma do escape ao movimento
À frustração de todas as horas
À satisfação do tempo que se esvai
Ao todo, a tudo, a nada
Agora o que importa é a luz
E a eternidade
Bem-vinda
("God is a concept by which we measure our pain" God, Lennon)
Imagem: Starry night over the Rhone, Van Gogh
terça-feira, 1 de junho de 2010
I don´t (exist)
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