A cada silêncio uma facada
Espero calmamente a hemorragia
Até não haver mais o que se fazer
A não ser morrer mais uma vez
Fiquemos agora cada qual no seu canto
Em cada esquina com o próprio desengano
Com a garrafa que pudermos sorver
Com a esperança fugaz de um dia ter
E se doer, deixemos que doa
Os sentidos se perdem tão a toa
Quando a imaginação é impiedosa
E jaz numa incerteza dolorosa
Nem um lúgubre abrigo nos é deixado
Assim, à mercê dos céus, ficam os fracos
Quando Vênus já lhes deu as costas
E canta alegremente suas derrotas